Culto dos Pássaros – em outro espaço longe deste

Os pássaros já não são como antes. Eram mais exibidos que o costume exige relembrar. Assim é em São José do Rio Pardo, assim é na Francisco Glicério.

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Francisco Glicério tinha uma energia calma, de sossego e positiva espiritualidade. As crianças ainda brincavam de pique-esconde ou pega-pega. As casas eram abertas e sem muros de proteção, onde viviam rio-pardenses pobres, ricos, brancos, negros, outros mais, alguns menos, embora pessoas comuns. A partir da década de 90, quando começara o município a sofrer vagarosas mudanças em sua perspectiva pastoril e rural pela ascensão da expansão urbana, o que mais impressionava na Glicério eram os pássaros. Afirma-se: eles não são mais os mesmos.

Fossem os Bem-te-Vi, de extrema educação e maestria ao perambular os corredores e os cantos das moradias em busca de comida, fossem os Pardais ou os Sabiás. A quantidade de espécies de aves, além das mencionadas, como Maritacas, Araras, Pica-Paus, Andorinhas, era avassaladora. A profissão dos animais alados consistia em cantar. O espetáculo de melodias em alta, baixa e média frequências, harmônico entre si e entre o restante das variações acústicas de um ambiente bucólico, começava às 5 da manhã – correção: quando famílias dormiam no horário quase que a surgir o sol.

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A orquestra musical em apresentação formada por instrumentos reais elaborados pela natureza. Uma amostra musical que fascinava qualquer um que se identificasse com tamanho bom gosto; todos os dias.

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Infelizmente, nesta 2019, e em cem anos, milênios, dias como esses não existirão mais. As transformações realizadas pelo homem do século XXI consumiram os pássaros da Glicério, a gente simples e os arvoredos – todos se foram . Os personagens principais desta história foram subjugados pelo grande movimento de indivíduos, pelo trabalho constante, pelos veículos automotores e pela poluição sonora que se sobrepôs ao festival das aves. O som da era moderna não se equipara àquela vibrante sonoridade produzida. Nunca! É horrível. Como os dias, as crianças, o canto, o estado de paz, os pássaros se despediram. Bem, não se extinguiram, estão em outras bandas, para uma outra plateia, para outros ouvidos que saibam, ou até que não se esqueçam, desse momento de exaltação do mundo em relação aos seus habitantes, em relação à convivência com o planeta.

Eu sou seu Jornalista de sempre, Gabriel Fécchio!

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