O Recicla São José foi interrompido. Foi o que a Prefeitura de São José do Rio Pardo, em janeiro de 2020, decidiu fazer. Se o leitor rio-pardense não sabia dessa informação, o momento é este: quando querem o multar por não retirar corretamente o lixo residencial.

O antigo secretário de assistência social, Daniel Tardelli, pediu que o trabalho tivesse fim, mas o projeto começou a perder força após um incêndio em 2017.
“Depois do incêndio, foram duas semanas perdidas. A situação ficou péssima, não tivemos apoio da Prefeitura, foram pessoas solidárias que apoiaram o retorno do projeto naquele 2017. Retornamos, sem esteira, mesa, sentadas nos “bags” (pacotes de reciclados) e, como parte do teto do espaço queimou, chovia, inundava, e já não conseguíamos reciclar e vender”, revela a representante do Recicla São José, Lauri.
Os reciclados eram vendidos, às vezes, ao município; às vezes, às cidades vizinhas, como São João da Boa Vista, e o valor arrecadado era dividido e destinado às trabalhadoras, o que girava em torno de R$ 600 a R$ 1.300 e dependia da situação e da quantidade de reciclagem.
Para Lauri, como os equipamentos não foram recuperados, os valores de arrecadação à época foram menores, uma vez que não se podia reciclar na mesma intensidade.
O Recicla São José era composto por, em sua maioria, mulheres entre 20 e 50 anos, além de fonte de renda para pessoas em situação de vulnerabilidade social. O caminhão de coleta já estava quebrado, e, quase sem serviço, as recicladoras usariam uma perua para carregar os materiais, isso já no início de 2020.
“Parou. O secretário disse que o Prefeito tinha muito gasto com a perua e com o caminhão. A justificativa foi falta de verba, falou que voltaríamos após o carnaval de 2020 e, até agora, nada. Oito mulheres ficaram sem emprego”, destaca a entrevistada.
2022
A última sessão da Câmara apresentou um projeto de lei que disciplina a coleta pública seletiva de lixo em São José do Rio Pardo, em 2021. Nas palavras do vereador e representante da administração de Márcio Zanetti na Câmara, Pedro Giantomassi (Rede), ” o ponto importante do projeto de lei é a obrigatoriedade do cidadão retirar o lixo nos dias corretos de coleta pela prefeitura e separar por resíduos e recicláveis”.
Na conversa entre o Jornalista Gabriel Fécchio e a antiga presidente do Recicla São José, o papel importante do Recicla para a sociedade rio-pardense consistia em ir a bairros, ir casa a casa, pedir a separação dos reciclados, recolher sempre que as mulheres do Recicla São José passassem pelas residências e transformar os recolhidos em remuneração às funcionárias.
O projeto de lei, aprovado em dezembro de 2021 pelo poder legislativo, descreve, seção II, art. 10, que os novos serviços de reciclagem também poderão ser feitos por organizações de catadores e catadoras de recicláveis. Embora o texto atual apresente a proposta, vale ressaltar que, desde a ocasião de 2020, o Recicla São José, um projeto municipal, de autoria do público rio-pardense, de mais de duas décadas de prestação de serviços de reciclados, foi abandonado pela administração anterior e nem mencionado por esta nova administração.